domingo, 27 de abril de 2008

fofices do design X

Feche os olhos e imagine a cena: você, mulher cosmopolita, moderna e fashionable que é, no alto do seu Jimmy Choo e vestido Dolce & Gabbana levando seu rebento para fazer qualquer coisa no Bugaboo Frog dele. O rebento quer o mordedor para aliviar a pressão na gengiva e você vai na diaper bag (sacola para fraldas e tranqueiras, muitas tranqueiras) dele de piquê branco com ursinhos bordados em azul calcinha e estrelinhas amarelas, pega e dá para ele. 
Oops. Espera um pouco.
Sacola como??!!
Vamos combinar que até os pombos que circulam a Bienal na semana do SP Fashion Week iam te linchar com esse modelão-no melhor estilo de Birds, do Hitchcock.
Vou repetir o que não me canso de falar: não é porque a gente está produzindo leite que nosso cérebro ficou com o mesmo QI da vaca.
Obrigado às pessoas que entendem que mãe ainda é mulher. 
Para babar um tiquito: na Diaper Bag Boutique você não vai achar nada de piquê branco, nada com a cara do ursinho Pooh ou da Minnie,assim como também não vai achar nada que se  pareça com um edredon. 
Ufa. Agora só falta saber a diaper bag combina com o jeans novo da 7 For All Mankind....

sábado, 26 de abril de 2008

os bebês-bolha

Alguém lembra de um filme com John Travolta quase-quase-chegando-ao-estrelato em que ele era um menino que vivia dentro de uma bolha? The Boy In The Plastic Bubble foi feito para TV em 1976, quando a maioria de vocês estava aprendendo a andar ou segurar a colher sem ajuda e eu e minha irmã assistíamos Sessão da Tarde escondida da minha mãe comendo grissini com requeijão. O pote inteiro. Ela ficava uma fera quando chegava em casa e ainda por cima via que a gente não tinha feito nada da lição de casa...  
O filme foi baseado em uma história real em que o menino não podia viver fora de uma bolha estéril pois não tinha sistema imunológico, qualquer contato com um bicho-geográfico ou ácaros poderia matá-lo. Qualquer coisa assim, não reli a sinopse por pura preguiça. Aliás, peço desculpas por não achar uma imagem menos baranga para colocar no post. Nesse tempo John Travolta era brega, o filme era brega, o corte de cabelo dele então é um clássico da cafonalha.
Toda vez que vejo uma pajem lidando com um bebê na rua com aquela máscara para pintar parede tenho vontade de rir. Vai ver que a mãe acha que no Terminal Capelinha tem mais germes no ar do que na pracinha perto daonde ela mora-as patroas sempre dizem a mesma coisa:"A gente não sabe aonde essa gente anda"*. Tem mãe que não deixa a gente pegar no filho se não estiver com as mãos recém-lavadas. Outras que nos fazem tirar o sapato para entrar no quarto do bebê, como se este não fosse limpo 3 vezes ao dia. Outras que não deixam os parentes que estão visitando usar o mesmo banheiro ou chuveiro que os filhos. Chupetas que são esterelizadas se tocam qualquer superfície. Não falta criatividade na tentativa de colocar a bolha de plástico no bebê. Mesmo quando ele deixa de ser bebê.
Nunca esquecí do olhar de um menininho no parquinho perto de onde morava. Todas as crianças brincavam juntas todos os dias no tanque de areia e o menininho não podia nem chegar perto por que a mãe achava que a areia era suja. Ela não levava ele embora não, ele tinha que ficar lá brincando afastado sozinho. Tadico
Não tem nada mais gostoso para crianças do que pular em poças d'água depois de uma chuvona daquelas que alagam a marginal. Minhas crias colocam uma camiseta velha e vão se divertir. Eu também, observando os olhares de surpresa das pessoas passando-essa louca deixa as crianças se molharem??!!Deixo. Deixo também ficarem cheias de lama, cheias de areia, deixo sujar a roupa e o cabelo. Minhas crias são sempre as mais sujas da pracinha. São também as mais felizes.
Nunca esquecí do que o pediatra me disse uma vez: a única maneira de uma criança criar anticorpos é entrando em contato com os germes. 
No final do filme, bubble boy se revolta com sua vidinha 100% esterelizada e num ato de coragem kamikase sai da bolha para encarar os germes do mundo e um por-do-sol em technicolor-não me lembro muito bem da cena, a essa altura eu e minha irmã estávamos chorando tanto de emoção que os olhos ficaram embaçados e a gente perdeu a cena final do filme. 

*O que me faz perguntar: se a moça não é "asseada" ao gosto de Madamme, o que está fazendo lá tomando conta do bebê?

terça-feira, 22 de abril de 2008

fofices do design IX


Ando meio entediada com a pasmaceira das decorações para quartos de bebê. 
Quando comecei a escrever, pensei em achar um ângulo mais suave para colocar o assunto e não ofender ninguém. Sorry, não vai rolar. É mais forte do que eu. Simplesmente detesto azulzinho, cor-de-rosinha, bonequinhas e ursinhos ou qualquer tema infantilóide em decoração de interiores e não consigo esconder. Infelizmente quando deram a aula sobre como tratar decoração de quarto de bebê diplomaticamente, eu faltei. Desculpe se piso no calo de alguém, não é minha intenção.
Implico particularmente com berços. Sempre brancos.Todos brancos. SEMPRE. TODOS. 
Ainda bem que não estou só no mundo, a Ducduc veio para me fazer companhia nesse mundo de cores pastéis e desmaiadas. Além dessa belezura acima (sim, laranja é minha cor favorita. Não deu para perceber ainda?)outros modelos de berço tem painel de tecido de flores da Marimekko ou blocos de cores fortes. 
Se você ainda estiver lendo o que escreví (devo ter perdido mais da metade das minhas leitoras com este post) visite o site e dê uma olhada nos quartos montados pela Ducduc. Deu até vontade de ter outro filho...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

scream! run! save your life!

Você já reparou que em qualquer filme de terror ou blockbusters que envolvam qualquer tipo de catástrofe (metereológica ou provocado pelo vilão) entre a população que sai correndo desgovernada para salvar a própria pele não há crianças, carrinhos de bebê ou qualquer outro tipo de menção que menores de 18 anos existam*? Se alguma forma de vida de algum planeta lá fora estiver assistindo esses filmes para entender a humanidade, vai imaginar que aparecemos todos por geração espontânea, já adultos e intelectualmente formados.
Os estúdios não são bobos, evidentemente existe um motivo para isso: eles perderiam bilheteria de TODA a população feminina que tem filhos. Está certo, ninguém tem sangue de barata, de uma maneira geral nenhuma pessoa seria capaz de assistir um filme aonde a vida de crianças é ameaçada concretamente de alguma forma.Mas quando a gente é mãe, a dor de assistir uma cena dessas é física, dá ânsia de vômito, pode dar arrepios e as lágrimas são impossíveis de conter.Parece que estão nos sufocando com o cordão umbilical. Concordo que de vez em quando a gente chora até vendo comercial de margarina, mas isso é assunto para outro post.
Enquanto isso na entrada e saída das escolas a vida continua normal, as conversas de mãe continuam no trivial simples e ninguém, nenhuma mãe mesmo toca no outro assunto que anda rolando por aí-sim, você sabe qual é, mas não vai admitir nunca, não é? Se alguma outra pessoa tocar no assunto, você vai chorar em público e convenhamos que um pouco de compostura mantém o grupo com sanidade mental.
Assim como todas as outras mães, não estou acompanhando o frenesí da mídia. Da mesma maneira que não acompanhei nenhum outro antes nem acompanharei outros que espero nunca aconteçam no futuro. 
Será que se eu pedir à fada madrinha para que tudo seja como era antes, ela atenderá meu pedido?

*animais de estimação também são excluídos de desastres, já notou?

terça-feira, 15 de abril de 2008

quando caiu a ficha?

A minha ficha caiu só depois de uns 15 dias que minha primogênita nasceu.
Invejo (aquela inveja benéfica, leve, sem um pingo de maldade) as mulheres que olham dentro dos meus olhos e dizem, seguras da verdade absoluta: "Assim que peguei meu filho no colo nos apaixonamos perdidamente". Queria ter passado por isso. 
A verdade verdadeira mesmo é que a ficha do amor incondicional e absoluto pode cair no meio a gravidez (do segundo filho para frente), na hora do parto, alguns dias ou meses depois ou pode não cair nunca. Não me venha com essa de que não é verdade, que você amou seu filho desde a hora da concepção. Sim, você amou seu filho desde a hora da concepção, eu também, mas o sentimento é diferente. Pare e pense, lembre-se bem. Alguma coisa mudou, não foi?
Não faltam motivos para retardar esse sentimento que vai mudar sua vida irreversivelmente e te transformar num ser ainda mais enigmático para sua cara metade: o medo do desconhecido, a insegurança, o trauma do parto, as dores, seu corpo que você não reconhece, o desespero de ficar sozinha sem saber o que fazer com esse pacotinho que colocaram em seu colo, a responsabilidade por essa vidinha que parece tão frágil, os hormônios pelo amor de Deus!
Se sua cara metade tinha alguma ilusão e fé de tentar entender as mulheres um dia, depois do nascimento do seu filho ele vai jogar a toalha para sempre. Aliás, você também vai estar tão transtornada que não vai entender patavina do que está acontecendo, até que um dia você vai olhar para seu pacotinho e não vão restar dúvidas. 

segunda-feira, 14 de abril de 2008

é hora do lanche, que hora tão feliz

-Eu não quero isso.
-Isso o quê?
-Isso branco, diz ele já pegando a couve-flor com a mão e tirando do prato. Coloca sem a menor cerimônia em cima da minha toalha que estava tão limpinha, ainda com cheiro de amaciante.
Ainda tento, em vão, convencer esse projeto de peste (atenção: eu sou a única pessoa que pode se dirigir aos meus rebentos usando os adjetivos que me derem na telha. Se alguém ousar chamar meu príncipe de qualquer coisa que não seja um elogio sem nenhuma intenção sarcástica, eu mordo. Entendido?)a experimentar um pouquinho, só uma garfada, vá?
E pensar que ao redor dos 8 meses eles comeriam cacos de vidro se a gente desse, só por experimentar. Foram verdadeiros gourmets. Dá uma saudade de ver esses filhotes se lambuzando com lascas de bacalhau, amoras ou folhas de alcachofra.
Honestamente eu não sei como a raça humana conseguiu sobreviver até hoje. Primeiro nascem umas criaturinhas que não conseguem sobreviver sozinhas pelos primeiros anos. Não são como patos que já saem do ovo andando e ciscando. Depois essas criaturinhas se recusam a comer qualquer coisa de nutritivo e que as ajudariam a crescer, ficar forte e mais inteligentes, deixando a espécie humana dois degraus acima na escala evolutiva ao invés de um. Francamente não faz sentido nós chegarmos até aqui só para descobrirmos que temos genes tão burrinhos que só querem comer macarrão na manteiga ou salsicha.
-Mas olha que bonitinho, parece uma árvore, ou uma florzinha. Dá só uma mordidinha. E por favor não coloque na mesa, se você não vai comer alguma coisa deixe no cantinho do prato.
Existem duas maneiras desse garoto experimentar a couve-flor: a primeira vai ser na casa de algum amigo. Assim que a mãe desse amigo fizer o prato do garoto e colocar uma couve-flor, como por encanto essa couve-flor vai virar o nirvana culinário.
-Mamãe, a mãe da Duda fez couve-flor, eu A-D-O-R-E-I. Faz para mim amanhã?
A outra é por pura repetição. Se ele ver os pais e irmãos comendo a dita cuja couve-flor todo dia, depois de alguns meses ele vai querer experimentar, por livre e espontânea vontade. Criança que come sozinha, com prato feito, não desenvolve um paladar explorador. Se quem cozinha e serve também não se empolga com legumes e verduras, não vai fazer nenhum esforço para que ele coma também. Eu não como fígado. O que não quer dizer que eu não tenha acostumado minha prole a comer fígado uma vez por semana. Apresento e trato esse infeliz pedaço de órgão como se fosse picanha ou medalhão de filé mignon. Minha empolgação funciona. Faça as refeições com seu rebento, você vai ver que mudança. Até salada o garoto está comendo agora.
-Eca, que nojo. Não quero isso.
Se pelo menos eu conseguisse que eles comessem abobrinha sem ter que disfarçar embaixo do feijão...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

criança é cafona.

Gasto um tempo enorme pesquisando design para qualquer coisa liliputiana com a esperança de poder ter uma casa com a decoração de gente grande integrada à parafernalha infantil de uma maneira contemporânea, bacana e moderna. Acho preciosidades obscuras do design europeu e americano, as coisas interessantes eu mostro para vocês na sessão "fofices do design", perco noites de precioso sono. Me pergunto: para quê? 
Até os 3 anos mais ou menos, seu rebento está processando tanta coisa nova na cacholinha dele que não presta atenção à decoração a sua volta. O importante para ele é achar migalha de qualquer coisa no chão e colocar na boca, brincar com a água no piso que ele virou do próprio copo ou pintar as paredes do corredor com suas cores favoritas de canetinha. Dá para fazer tudo isso enquanto você pisca. Isso nos dá liberdade de colocar dentro de casa tudo aquilo que a gente acha bacana, inclusive brinquedos de madeira, coisas nostálgicas, interativas, que você acha estimulante. Seu rebento, porém, só vai prestar atenção àquele brinquedo cafona que pisca 3 milhões de luzinhas e toca músicas fubás que alguém da família deu para ele. Vai brincar tanto com ele que você vai acordar cantarolando as músicas sem saber daonde veio.
Depois dos 3 anos, pior ainda se você tiver uma menina, vai ter que se acostumar que quanto mais brilho, purpurina, renda, cor-de-rosa, lacinho e seja lá o que for mais que inventarem, melhor.Começa a era das camisetas de personagens, sapatos com luzes e tudo o que você acha de mais horrendo na vida. O pior é que é ela quem vai escolher, da calcinha à colcha de cama. À você só cabe tentar distrair a bichinha com outra coisa e rezar para que ela goste mais da que você mostrou do que o que ela escolheu. Nunca aconteceu comigo. Minha filha conseguiu, no ano passado, escolher o vestido de festa junina mais feio que havia entre todos os da loja. E olha que as palavras "vestido de festa junina" e "bonito" ou mesmo "menos pior" nunca são colocados na mesma frase, tamanho seria a incoerência.
Acabou-se a tentativa de decoração. Em pouco tempo sua casa vai estar entulhada de baranguices que você evita até olhar para não cegar seu bom gosto. Não adianta, criança é cafona, fazer o quê. Por isso shows como Barney e Hi 5 fazem tanto sucesso: foram criados para elas, e não para os pais.
Alguns anos atrás na revista do New York Times de domingo havia uma matéria de um casal modernérrimo e sua filha. Eles tem uma loja descolada na internet, foi uma das primeiras antes do boom do design infantil. A história foi a negociação entre o pai (arquiteto) e a filha sobre a construção de uma casinha na árvore. O pai mostrou o projeto para a filha, minimalista e contemporâneo. Ela odiou e propôs o dela, que era uma versão castelo de contos de fada. O pai contou que negociou com a filha até ela aceitar que o design dele era o melhor. Choveram cartas no dia seguinte criticando o pai: resumindo, ele coagiu a menina a fazer o que ele queria porque era o que ele achava melhor em design desrespeitando o gosto e a vontade da filha. Resultado: ela nunca foi brincar na casinha que era para ela.
Não adianta a gente querer impor nossa visão do mundo para as crianças, elas tem que formar a opinião delas e nós temos que respeitar como eles respeitam a nossa. 
À nós só resta torcer para que essa fase passe logo, que eles crescam e saiam de casa para a gente poder fazer o que nos der na telha.

de peito aberto

Lá está você segurando um pacotinho que saiu de você pela primeira vez e te ocorre que esse pacotinho não vem com manual de instruções. Aliás, nem seu peito, que esteve com você todos esses anos, passou por poucas e boas e foi companheiro inseparável (he he) de tantos momentos inesquecíveis. 
Amamentar, assim como o parto, acontece de maneira diferente para cada uma. Tem mulheres que colocam o bebê no peito e parece que eles (o peito e o bebê) se conhecem de outra vida. Tem bebês que tem mais dificuldade em se posicionar, tem os que tem preguiça de mamar, os muito afoitos, etc. O começo pode ser difícil, e para quem está passando por ele, tem uma coisa que a experiência me ensinou: vocês dois precisam de algum tempo para se ajustar, pode levar alguns dias ou algumas semanas. É como aprender a fazer um novo esporte: muito treino faz a perfeição. Tenha calma.
Acima de tudo, não desista. Seu peito vai doer, ficar duro e inchado até ajustar a produção de leite? Vai. Depois passa. Pode dar mastite? Pode, mas também tem cura sem precisar parar de amamentar. Para tudo dá-se um jeito, se a vontade for forte.
Não vou entediar ninguém com os benefícios da amamentação para mãe e bebê, todo mundo já sabe. Para quem escolhe ignorar todos os estudos mundiais e o conselho do pediatra para o peito não cair, para o bebê não ficar grudado ou porque acha amamentar um porre, vou contar um segredo que toda supermodel que vira mãe sabe: amamentar emagrece. O peito você põe silicone depois se a vaidade insistir; o culote e o quadril ficam para sempre, difícil de sair até com muita ginástica, rindo de você cada vez que você se olha no espelho. 



fofices do design VIII

Uma mesa bem posta, pratos com apresentação impecável, louça e talheres bem escolhidos, a companhia que você pediu à Deus.... ahhh, quem não gosta de refeições assim? 
Parece comercial de TV, né? Mas pode se tornar realidade, se você seguir meu raciocínio.
De novo, do começo: a mesa na verdade é um cadeirão (no populacho) ou uma high chair (para impressionar) da Bloom, uma companhia formada por 4 pais com tempo de sobra entre trocar fraldas, levar filhos na escola e ajudar a colocar o lixo na rua para criar produtos que permitam que a família cresça em style. Essa high chair (também quero impressionar, ora essa!) está à venda na Genius Jones em Miami e na BB Trends em São Paulo. O prato ainda é papinha, mas feita em casa com muito carinho. A louça, pintada à mão é mamãe quem segura-que companhia poderia ser melhor?
Agora, se nossos filhos pensassem assim na hora do almoço estaria prá lá de bom! A gente teria certeza que a sopinha não ia acabar metade no chão e metade na high chair, que por sinal é facílima de limpar. Não perca a esperança, é de pequeno que se torce o pepino!


terça-feira, 8 de abril de 2008

as pajens e eu-o amanhã começa hoje

Se você perguntar qual é a vontade dos pais quando pensam no futuro das crias pode apostar que a maioria vai responder:"Espero poder mandar minha cria estudar fora". Eu torço por vocês. Também quero uma vida melhor para minhas crias. Quem não quer?
Como passo muito tempo dentro do universo infantil, acabo reparando em coisas que outras pessoas não tem chance: a constelação das pajens e seu relacionamento com as crias, conforme as ordens das mães. Tem criança de 6 anos que não come sozinha (a babá tem que colocar a colherada em sua boca), tem outra de 9 anos que não sabe tomar banho sozinha, criança pequena que não usa os pés para andar e sim o colo da babá, crianças que não sabem recolher seus brinquedos, etc.  Poderia gastar linhas e linhas dando exemplos mas não precisamos perder mais tempo para chegar aonde quero: essas crianças são completamente dependentes de um adulto.
Sabe seu sonho de mandar sua cria estudar fora? Vou te contar uma coisa que ninguém nesse momento da vida pensou: fora da América Latina não existe empregada. Sua cria vai ter que cozinhar, limpar a casa e lavar a própria roupa. Pois é. Você parou para pensar que essas crianças não estão sendo preparadas para o futuro? 
Paro aqui para um parêntesis:fazer trabalhos domésticos faz a criança se sentir útil e aumenta sua auto-estima pois ela sente orgulho de realizar uma tarefa corretamente. Ensina a criança a respeitar seus pertences e os dos outros da família. Ensina sobretudo responsabilidade. Não estou inventando nada disso, procure ler estudos à respeito do assunto. Fecha parêntesis.
Não é preciso que elas tirem o emprego de sua secretária do lar, mas ela pode ajudar informalmente (você nem precisa se preocupar com a lei trabalhista!): ensine ou peça à babá para ensinar sua cria a fazer a própria cama, a tirar seu prato e levar para a cozinha depois das refeições, a ajudar a colocar a roupa na máquina, recolher seus brinquedos, etc. Ensine seu filho a ser independente. A maioria das crianças adora ajudar a "gente grande", na cozinha ou no banheiro. 
Para finalizar o mais importante: documente essas ocasiões para jogar na cara de sua cria em vídeo quando ela for aborrescente e se recusar a arrumar seu próprio quarto!


desgraça alheia

A gente sempre acha que a cruz que estamos carregando é mais pesada do que a do outro, não é?
Recebí um email de uma amiga em resposta ao "Caso do peixinho dourado" contando o que aconteceu com ela e suas filhas em uma festinha de aniversário. 
Ela me contou que foram todas em uma festa mega produzida, moderna e descolada. Ela lá, com três meninas correndo prá lá e prá cá tentando parecer uma pessoa normal (segundo ela alguém que tem três filhos hoje em dia é vista como alguém com um parafuso a menos-ou a mais, dependendo da ocasião). A festa estava ótima e quando as crianças começaram a ir embora com os pais, já de noite, um certo burburinho se formou na porta de saída da festa: muitos gritinhos, mães com caras atônitas e de surpresa, um fuzuê geral. Ah, contei que a festa foi uma semana antes da Páscoa? Rir da desgraça alheia em alguns casos faz bem à alma, não se acanhem. As lembrancinhas eram coelhos vivos dentro de cestinhas! Coisa meiga, não? Diz a pobre que tentou se esquivar, disfarçar e passar batido com suas crias mas a outra mãe foi mais rápida. Ela se viu então não com um, mas com três coelhos vivos dentro do carro, tarde da noite, entrando em todas as lojas de animais no caminho procurando gaiolas e comida, sem sucesso. Chegou em casa, colocou as meninas em suas camas (dormiram já no carro, exaustas) e colocou os peludos em sua varanda, diz ela que entregando a sorte deles a São Francisco de Assis. Sua varanda aonde tinha suas plantas e sua hortinha de ervas.
Sabiam que gaiolas para coelhos são caríssimas? Que coelhos não podem entrar em contato com a própria urina pois podem morrer? Minha amiga aprendeu tudo isso e aprendeu também a nunca, jamais em tempo algum deixar coelhos soltos em uma varanda com plantas e ervas...
Mães com imaginação fértil para dar lembrancinhas vivas em aniversários: por favor não o façam. Se ainda assim, depois desse apelo tão sincero, você resolver fazer isso por favor inclua a gaiola ou aquário por menor que seja, comida para 24 horas e instruções de como cuidar do bichinho ou peixinho. Os pais que sobram com o mico tarde da noite agradecem de coração.


sábado, 5 de abril de 2008

fofices do design VII

Imagine que você acabou de nascer. Não enxerga quase nada. Fica deitado de cabeça para cima 80% do tempo, olhando para o teto branco. Coisa mais entediante, não? Provavelmente ficar ouvindo o ruído de seu estômago que está começando a funcionar, dormir, mamar, sentir dores (para fazer xixi e cocô, cólica, etc) e tentar entender porque esses bracinhos e perninhas não param de mexer quando você comanda não são suficientes para passar o dia todo. 
Para isso gente grande inventou o móbile. Bom, na opinião de 90% deles foi mais para decorar o quarto mesmo.
Você já fez o teste de deitar a cabeça no berço e olhar para cima, para o móbile? Sabe o que você vê? Bumbuns. Isso mesmo, bumbum de ursinho, de leãozinho, coelhinho, carneirinho; de qualquer coisa da fauna de pelúcia que acabe em "inho".
Quando o Wimmer Ferguson Infant Stim-Mobile foi lançado àlguns anos atrás, ganhou todos os prêmios imagináveis em toy design. Primeiro porque virou o móbile para aonde os bebês olham, ou seja, as imagens do móbile estão viradas para baixo. Segundo porque nos levou de volta à New Wave (desculpe, não resistí....). Pesquisas mostram que bebês são atraídos mais pelo contraste de preto e branco nos 3 primeiros meses de vida. Esse móbile é feito de peças que você vai trocando quando quer:uma seleção de imagens preto e branco, uma seleção de uma só cor e por fim uma seleção de peças coloridas. Também não possui nenhum mecanismo giratório nem música, segundo os criadores isso hipnotiza o bebê quando a intenção é estimulá-lo.
Ih, mas não combina com a decoração do quarto, você vai me dizer. Antes de mais nada, respondo, pense em suas prioridades: é mais importante um quarto todo combinandinho ou estimular sua cria? Se, por fim, você não pode abrir mão da decoração, use esses estudos para fazer um quarto de acordo com o móbile e esqueça as cores desmaidas. Não esqueça de colocar um poster do Duran Duran nem do New Order para dar o toque final.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

o caso do peixinho dourado


-Você fez essa barbaridade?!-perguntou minha amiga, rindo à beça, depois que contei o que tinha acontecido ontem.
-Fiz.

O que aconteceu ontem? Vou contar: minhas crias ganharam no natal da tia dois peixinhos dourados, um para cada um. Nemo e Caquin (a coisa mais próxima que minha cria consegue falar referindo-se ao Macqueen) viveram felizes por algum tempo até que um dia o Nemo não acordou. Estava emborcado, mortinho da silva. Essa foi minha primeira grande chance para explicar os fatos da vida. A ladainha que tudo nasce e morre, sobre a natureza blá-blá-blá. A lição foi dura e minha cria que tinha adotado o Nemo ficou muito tristinha, chorou, não se conformou por dias. Não foi muito fácil participar disso. Como todo pai desesperado para ver o sangue de seu sangue sorrir novamente, lá fomos eu e meu marido atrás de outro peixinho para ficar no lugar do Nemo depois do serviço funerário. Não achamos nenhum pequeno o suficiente para nosso diminuto aquário. Já que tínhamos que achar algum peixe, qualquer peixe, procuramos um na segunda cor favorita da cria, laranja. A primeira é cor-de-rosa, um tanto difícil, vamos combinar. Compramos um peixinho de 1,5 cm, mas pelo menos ia se dar bem com o peixinho dourado. Nemo II durou um mês.
Ontem quando as crias foram dar comida para os peixes, Nemo II já estava no fundo do aquário lutando pela vida. Minha cria não ia aguentar outra decepção, pensei. Foi assim que começou o meu martírio. Disse que o Nemo II deveria estar cansado e ia dormir um pouquinho, já pensando na ida à loja de animais mais tarde.
Levei as crias para a escola. Quando voltei, Nemo II já estava dormindo com os anjos. Lá fui eu procurar outro peixinho igual, que com alguma sorte as crias não iriam perceber a troca. Três lojas depois e nem sinal de um irmão gêmeo do Nemo II, acabei comprando outro peixe dourado. Pelo menos era laranja como o falecido. Agora não tinha mais jeito, ia ter que contar a verdade. A agonia sobre como contar o que aconteceu me atormentou a tarde toda.
Quase na porta da escola eu tive uma idéia. E deu nisso:
-Vocês nem imaginam o que aconteceu com o Nemo II.-disse no carro, quase em casa.
-O quê?-perguntaram.
-O Nemo II é um tipo raro de peixe que um dia vai dormir, faz um casulo e sai de dentro outro peixe, como a lagarta e a borboleta!

-Você fez essa barbaridade?!
-Fiz.

A felicidade com o peixe-borboleta foi tamanha que a cria conta toda feliz para quem quer que seja o que aconteceu e que o peixe que saiu do casulo chama-se Laranjinha. Pobre de mim que tenho que chegar na frente e esbaforidamente contar para o adulto em questão que peixe faz casulo SIM. O pior é passar por doida.

A moral da história é das mais antigas: mentira tem perna curta! Mas quem nunca contou uma lorota para proteger a sua cria?

terça-feira, 1 de abril de 2008

por favor apertem os cintos.

De verdade.
Antes que alguém comece a reclamar que apertar mais o cinto não dá, que a culpa é da crise da bolsa americana e desses políticos corruptos, adianto que não se trata da economia, da classe média que continua a ser esmagada ou da quebra da bolsa em 29.
Eu levo e trago minhas crias da escola todo dia. Vou contar uma coisa que todo mundo que tem filhos já sabe: transportar crianças dentro de um carro é como estar dentro de um fusca sem janelas com cinco macacos selvagens e três polvos dentro, todos eles sentados em cima de formigueiros. Isso independe se você está transportando uma ou quatro crianças. Imaginou a cena? Parece familiar?
O que vejo todo santo dia na entrada e saída da escola só muda de marca e cor de carro: crianças soltas nos bancos de trás e (!!!) da frente, agindo como crianças agem: pulando, brincando, brigando com o outro, pedindo atenção, etc. Porque essas crianças não estão em suas cadeirinhas e afiveladas com cinto de segurança? Várias mães responderam que é porque elas não querem e dão piti se a colocarem na cadeira com cinto.
Quem manda em casa, mesmo? Estou confusa.
Minha cria mais velha tem quase 6 anos, nunca andou sem cinto de segurança nem booster em sua pequena vida. Nos Estados Unidos, a lei é muito clara:menores de 7 anos tem que estar de cinto, com booster ou car seat e no banco de trás. Se um policial te para e tem alguma criança solta no banco de trás (não estou nem considerando o banco da frente, tamanho seria o absurdo), todo mundo desce do carro aonde estiverem e o carro é guinchado. Você que se vire para chegar em casa.
Sua cria chora, esperneia e dá piti? Pois bem, pare o carro e espere. Diga que o carro só vai andar quando o cinto estiver afivelado. Se a cria for diminuta para entender isso, coloque-a na cadeirinha e deixe-a chorar. Ligue o carro e vá embora. Na terceira vez que você fizer isso, ela já vai estar conformada que esta é mais uma regra da vida como escovar os dentes três vezes por dia ou tomar banho. Se a cria for acostumada desde bebê, você não deve ter muito problema.
Pausa para momento verdade: confesso que eu tive, com a cria maior. Ela deveria ter uns quatro anos e decidiu que era bacana desafivelar o cinto com o carro andando. Eu simplesmente encostava no primeiro meio fio seguro que achava e alí ficava até ela se afivelar novamente. Conheço vários lugares bons para parar o carro pela cidade, se alguém precisar de dicas...
Isso durou 1 mês. Depois de micar em meio fios por até 15 minutos toda vez, ela desistiu e hoje alerta que todo mundo que entra no carro precisa estar de cinto. A vovó dela de vez em quando desafivela seu cinto antes de estacionar na garagem e a cria chama sua atenção na hora. That´s my girl!

fofices do design VI

A Alemanha pode estar passando por um processo complicado na economia, mas em matéria de toy design, no momento é o leading market. Qualquer loja descolada e avant gard de brinquedos (não estou falando de Toys'R'Us ou as do gênero, como a RiHappy) fora da Alemanha tem obrigação de oferecer uma seleção de brinquedos Made in Germany por menor que seja (se ela quiser preservar o nome e a clientela) e por filosofia  banir os brinquedos Made in China. Não existe comparação em design e qualidade no momento: seria como dizer que os brinquedos alemães são o Mini Cooper do mercado enquanto os outros pobres mortais dirigem o Ka. Esses carrinhos são da Sirch. Pena que o website é só em alemão, mas dá para ficar babando nos outros produtos. Afinal, encher os olhos com coisas bonitas liberam endorfinas no corpo e a gente fica feliz, leve; vendo passarinhos verdes pela rua. Ok, confesso que acabei de inventar isso, mas me parece uma explicação razoavelmente plausível para o absurdo da situação...

as pajens e eu: conversa na sala de espera II

Se você chegou agora, pediria para ir um pouquinho para baixo e ler antes "As pagens e eu:conversa na sala de espera I" para poder entender melhor do que se trata este post. Obrigada.

Sabe, eu não aguento quando as coisas ficam no ar, a não ser em filmes noir-ih, rimou. Ok, Filmes do David Linch também entram na lista. Vamos parar por aqui pois o assunto é outro.
Gosto de tudo bem explicadinho. Tenho que comentar com vocês o que eu acho estranho no diálogo da sala de espera:

-Foi no consultório a casa toda, menos quem tinha que estar lá:os pais. Eu entendo que todo mundo trabalha e é ocupado, mas todo mundo sai no meio do expediente para ir ao médico ou dentista, ou não é? Sua cria está doente e você não pode dar uma escapada para conversar pessoalmente com o pediatra e fazer um cafuné na sua cria para ela se sentir menos caidinha? Não pode trocar a manicure da hora do almoço pelo pediatra?

-Foi no consultório uma senhora que trabalhava na casa porque a mãe não confia na babá para esse tipo de coisa. Primeiro, se ela não confia na babá depois de mais de um ano, o que ela está fazendo nesse emprego? Segundo, não é mesmo para confiar nos outros para te contar o que o pediatra falou, é para você estar presente!

Às vezes fico pensando se estou muito fora da realidade....