sábado, 26 de abril de 2008

os bebês-bolha

Alguém lembra de um filme com John Travolta quase-quase-chegando-ao-estrelato em que ele era um menino que vivia dentro de uma bolha? The Boy In The Plastic Bubble foi feito para TV em 1976, quando a maioria de vocês estava aprendendo a andar ou segurar a colher sem ajuda e eu e minha irmã assistíamos Sessão da Tarde escondida da minha mãe comendo grissini com requeijão. O pote inteiro. Ela ficava uma fera quando chegava em casa e ainda por cima via que a gente não tinha feito nada da lição de casa...  
O filme foi baseado em uma história real em que o menino não podia viver fora de uma bolha estéril pois não tinha sistema imunológico, qualquer contato com um bicho-geográfico ou ácaros poderia matá-lo. Qualquer coisa assim, não reli a sinopse por pura preguiça. Aliás, peço desculpas por não achar uma imagem menos baranga para colocar no post. Nesse tempo John Travolta era brega, o filme era brega, o corte de cabelo dele então é um clássico da cafonalha.
Toda vez que vejo uma pajem lidando com um bebê na rua com aquela máscara para pintar parede tenho vontade de rir. Vai ver que a mãe acha que no Terminal Capelinha tem mais germes no ar do que na pracinha perto daonde ela mora-as patroas sempre dizem a mesma coisa:"A gente não sabe aonde essa gente anda"*. Tem mãe que não deixa a gente pegar no filho se não estiver com as mãos recém-lavadas. Outras que nos fazem tirar o sapato para entrar no quarto do bebê, como se este não fosse limpo 3 vezes ao dia. Outras que não deixam os parentes que estão visitando usar o mesmo banheiro ou chuveiro que os filhos. Chupetas que são esterelizadas se tocam qualquer superfície. Não falta criatividade na tentativa de colocar a bolha de plástico no bebê. Mesmo quando ele deixa de ser bebê.
Nunca esquecí do olhar de um menininho no parquinho perto de onde morava. Todas as crianças brincavam juntas todos os dias no tanque de areia e o menininho não podia nem chegar perto por que a mãe achava que a areia era suja. Ela não levava ele embora não, ele tinha que ficar lá brincando afastado sozinho. Tadico
Não tem nada mais gostoso para crianças do que pular em poças d'água depois de uma chuvona daquelas que alagam a marginal. Minhas crias colocam uma camiseta velha e vão se divertir. Eu também, observando os olhares de surpresa das pessoas passando-essa louca deixa as crianças se molharem??!!Deixo. Deixo também ficarem cheias de lama, cheias de areia, deixo sujar a roupa e o cabelo. Minhas crias são sempre as mais sujas da pracinha. São também as mais felizes.
Nunca esquecí do que o pediatra me disse uma vez: a única maneira de uma criança criar anticorpos é entrando em contato com os germes. 
No final do filme, bubble boy se revolta com sua vidinha 100% esterelizada e num ato de coragem kamikase sai da bolha para encarar os germes do mundo e um por-do-sol em technicolor-não me lembro muito bem da cena, a essa altura eu e minha irmã estávamos chorando tanto de emoção que os olhos ficaram embaçados e a gente perdeu a cena final do filme. 

*O que me faz perguntar: se a moça não é "asseada" ao gosto de Madamme, o que está fazendo lá tomando conta do bebê?

Um comentário:

Beatriz Freitas disse...

Flavia,
Recentemente me dei conta da bolha que construí para Theo. Mas a própria maternidade me agraciou com a possibilidade de ser "curada" de tanto que me faz estar exposta a sujeiras e imprevistos. Além disso, não era esse o planejado, nem mesmo o que vivi na minha infância. E fui à luta.

Ele não é dos que se atiram na lama, mas confesso que adoro quando ele se suja muito. É como um troféu para mim.

Creio que, além da questão da imunidade, temos outras lições...é o fato de se arriscar, sentir-se livre, experimentar..etc..etc. Não dá para poupá-los dos germes e bactérias. Seria uma crueldade...rs.

Bjs e até a próxima!