terça-feira, 29 de setembro de 2009

essa vai dar pano para a manga: a manga extra


Alguns pensamentos precisam, assim como um bom vinho ou queijo, de certo tempo para amadurecer. Demorei mas costurei a última manga sobre a matéria do Fabio Santos para o jornal Destak. O pano deu certinho, não sobrou um retalho para contar história. Se você chegou agora e não entendeu patavinas saiba que as mangas esquerda e direita estão, respectivamente, aqui e aqui.
Essa manga extra é aquele acidente fashion que pode dar muito errado ou se tornar o must have da estação. Eu tenho pensamentos contraditórios (assim como de qualquer coisa de gosto duvidoso) sobre o que o Fabio escreveu:
"Até parece que eles (os pais) se consideram realmente capazes de conter seus rebentos. Nem os genitores mais conscienciosos, com filhos bem comportados, podem garantir que não haverá gritarias e escândalos. Estamos falando de crianças, que, por natureza, são imprevisíveis....De férias, o casal parece transferir aos outros a obrigação de ter paciência com os humores e travessuras de seus pimpolhos. O mesmo costuma acontecer em restaurantes e outros lugares públicos."
Por mais que me doa escrever, eu tenho que dizer que em um pequeno grau o Fabio tem um tiquinho de razão (para quem não percebeu isso sou eu dando o braço a torcer sem perder a dignidade). As crianças hoje em dia levam uma vida independente dos pais. Passam o dia nas escolas ou com pajens. Atenção para o que vou dizer agora: NENHUM dos dois tem obrigação de educar crianças. A escola ensina. E só. A pajem é uma pessoa que existe para ajudar com coisas práticas.
Com isso os pais não tem a menor experiência no dia-a-dia de seus filhos. Para finais de semana existem folguistas, assim eles não precisam nem saber como trocar uma fralda ou passar a noite em claro acalmando o sangue de seu sangue. O pouco tempo que passam com as crianças é sempre assistido. A consequência disso é ululante: os pais não sabem o que fazer nem tão pouco como lidar com seus filhos naquele dia em que a pajem deu o cano. É muito mais fácil transferir a responsabilidade de seus filhos (que não estão sendo educados por ninguém e se comportam como tal) para terceiros, mesmo que completamente estranhos. Além do mais, tomar conta de crianças é exaustivo. Se você não está acostumado a essa tarefa imagine como seria tentar correr a maratona de New York sem ter treinado um dia sequer. Por mais boa vontade que se tenha, não dá para passar dos primeiros 400 metros.
Isso dito, existem os outros tipos de pais. Aqueles que estão ensinando os filhos a se comportarem em sociedade. Todos nós pagamos o preço por isso, querido Fabio. Quando você assinou o contrato para nascer, estava escrito preto no branco que terias que aprender a se comportar entre outros seres humanos porque é assim que essa espécie existe. Em sociedade. Você assinou um contrato para ser gente, não um peixe Betta macho em um potinho d'água. O preço é bem menos salgado do que o final de semana em um resort. Basta você olhar com os olhos de quem entende- e respeita- para aonde caminha a humanidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo em número, gênero e filhos.
bjks
Cristiane